“Por isso, caro senhor, ame a sua solidão e carregue com queixas harmoniosas a dor que ela lhe causa.”

A percepção de estar só mesmo que acompanhado, ou o sentimento de solidão relacionado a uma situação objetiva de afastamento, são queixas frequentes nos consultórios de psiquiatria. Associada a crenças de desamparo e desamor, associadas ao vazio e ao abandono, a solidão aparece intricada numa lógica meramente negativa num primeiro momento, o da queixa. Mas será que a solidão é mesmo sempre ruim (interrogação) Quem quer ficar sozinho ou “se isolar” está mesmo deprimido, como muitos dizem ?

O isolamento social , expresso no desejo “de sumir, se esconder, ou ficar de qualquer forma sozinho, ficar isolado(a) no quarto, etc” aparece, de fato, nas depressões.

A solidão do(a) depressivo surge como vivência subjetiva de estar “só no mundo” ou é, ao mesmo tempo, buscada, no processo de isolamento vivenciado no recuo depressivo, o qual se constitui como parte importante do”trabalho negativo” da depressão. 

Momento de elaboração de lutos e traumas, a solidão também pode se tornar o terror dos fóbicos e ansiosos, nos momentos em que ideias catastróficas lhes invadem, quando surge o “medo de perder algo ou alguém e ficar só” ou quando sentem o medo de o objeto de seu pavor aparecer sem que haja por perto um salvador imaginário, lançados no vazio e abandono nos quais a solidão frequentemente é vivenciada.

Mas solidão também pode ser um tempo rico de descobertas e criações, além de ser necessária para o descanso e a elaboração de conteúdos mentais. Buscada por artistas, religiosos e místicos, para muitos , a solidão é a condição para o encontro com o maravilhoso, com sua auto-consciência mais plena e profunda e com o sublime e o sagrado.

“Por isso, caro senhor, ame a sua solidão e carregue com queixas harmoniosas a dor que ela lhe causa.”
( Rainer Maria Rilke)


E para você, como é estar sozinho(a) ?

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