Qual é a sua felicidade?

Fiquei bastante atento durante minha participação em uma roda de conversas entre conhecidos. O assunto felicidade era tema. Alguém lançou a seguinte questão: Qual é a sua felicidade?

Um deles dissera que estava muito feliz por conseguir proporcionar à filha uma inesquecível festa de aniversário. O outro falara, com um largo sorriso no rosto, que a felicidade se resumia ao apartamento que havia comprado há pouco tempo. Uma mulher comentara que estava feliz pela conclusão da dissertação de mestrado. Uma outra pessoa ponderara afirmando que sua felicidade, pelo menos naquele momento, era ter conseguido voltar aos bancos da universidade. Outro cidadão causara risos ao dizer que a felicidade dele era tomar cerveja e comer petiscos todo fim de semana no bar da esquina. Eu acrescentara que estava muito feliz porque meu primeiro livro fora publicado, e o feedback dos leitores era o melhor possível.

Mas ser feliz hoje em dia é sinônimo de tanta coisa, né, gente? Ser feliz quando se consegue aquele emprego desejado. Ser feliz quando viajar para determinado lugar se torna possível. Ser feliz quando se compra o sapato da propaganda de tevê. Ser feliz quando se compra a roupa da vitrine que implora para ser levada. Ser feliz quando se compra um carro. Ser feliz quando se apaixona. Ser feliz quando se passa no concurso público. Ser feliz quando a dieta acaba e pode-se comer qualquer guloseima calórica. Ser feliz por quitar dívidas e tirar um fardo das costas. Ufa!

A sensação é de contentamento. São tantas boas doses de felicidades que trarão alegrias. Mas depois de conquistadas, outros tipos ganharão prioridades. E o círculo vicioso vai se repetir porque a felicidade velha não interessa mais. É efêmera. Então, como escreveu Carlos Drummond de Andrade, “ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”.

Crônica extraída do livro “Qual é a sua felicidade?”, de Guilherme Ferreira

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